Quando estamos com a mente aberta, livres da arrogância e da prepotência, temos uma compreensão libertadora, mais positiva da nossa vida, do caminho que estamos trilhando e das adversidades que temos encontrado.
Uma coisa fundamental é a explicação que damos às coisas que acontecem com a gente.
Quando jovem, atribuía tudo que acontecia comigo ao empenho dos meus pais, e ficava contrariado com eles quando algo me era negado, os culpava, os cobrava incessantemente.
Um pouco mais crescido, percebi, e meu foi ensinado que eu tinha que fazer a minha parte, e que nessa vida, nada vai cair do céu. Aprendi que tinha que me empenhar, e essa foi uma fase difícil, pois sempre me culpei por não empenhar o bastante, e me culpava por não ter tudo, não conseguir tudo que merecia conseguir na vida.
Um adulto, me dei conta que mesmo com todo o empenho deste mundo, não conseguiria o sucesso que imaginava para mim, e passei a atribuir esse demérito à falta de sorte, afinal, não nasci em berço de ouro, não estudei no exterior e nem tive a sorte que muitos dos meus amigos tiveram na vida. Passei um bom período da minha vida entristecido, cabisbaixo, e acho que foi um período em que vi o dia sempre nublado e as pessoas sempre ameaçadoras. Me escondi, me calei e me tranquei em mim mesmo. Mas a vida é pródiga e me ensinou, um dia de cada vez, que a despeito de qual seja a sua situação, é sempre possível melhorar um pouco, e ser um pouco mais feliz.
Hoje, uma pessoa mais madura, percebo que tudo que aprendi tem um valor em si mesmo, ainda que não venha a utilizar em nenhuma circunstância.
Aprendi que aceitar aquilo que não posso mudar é uma libertação. E uma libertação maior ainda, foi aprender que posso e devo assumir o controle de minha vida, fazendo aquilo que está ao meu alcance, aquilo que é minha responsabilidade.
A compreensão libertadora foi saber que não sou o todo poderoso dono do mundo, mas sou dono do meu pedaço, da minha vida, e não devo deixar o meu barco à deriva, sem rumo, sem sentido.
Rubens Sakay (Beco)