Em muitas ocasiões entramos sempre para perder.
Às vezes já sabemos de antemão que vamos perder – mas estamos no piloto automático.
Nem pensamos mais se é uma batalha perdida.
Nem avaliamos se estamos ou não jogando o nosso tempo e paciência literalmente no lixo.
Acontece assim quando queremos mudar o outro. Queremos dar uma de juiz, o sabichão, o ajudante de Deus, e nos metemos a querer mudar o que está totalmente fora do nosso controle.
Queremos dar palpite em como as pessoas conduzem suas vidas, com o firme propósito de que sigam aquilo que julgamos correto – afinal nós é que sabemos o que é correto.
Queremos ir contra a corrente, mesmo que isso signifique pular dentro do rio, nadar contra a corrente, como se isso pudesse inverter o sentido do fluxo.
Quantas batalhas como essa nos metemos sabendo que vamos perder.
No final, isso acaba virando um hábito, um defeito, um comportamento destrutivo para nós mesmos.
Outro dia, dentro de um avião, não pude evitar ouvir um discurso inflamado de uma senhora, indignada com os serviços da companhia aérea – eu não vi nada de errado.
Mas ela queria ofender os demais passageiros, como se fôssemos culpados pela dita negligência da empresa aérea. Tenho pra mim, que ficou nisso, ao sair do avião ela deve ter ido para casa normalmente, sem reclamar para quem de direito.
Uma batalha perdida, antes mesmo do início.
Um caso totalmente diferente presenciei no supermercado. Um senhor, indignado com uma prática de apresentação de preços, estava discutindo com o caixa. Eu, ao acompanhar a discussão, dei toda a razão a ele. Pois ele passou pelo caixa e imediatamente ligou para o Procon, órgão de defesa do consumidor. O fato é que funcionou. Eu retornei ao mesmo supermercado no período da tarde e eles já haviam corrigido a anormalidade.
Vejo que é raro alguém fazer o que tem que ser feito. Normalmente deixam passar, ou tomam a providência errada e não efetiva.
Desses dois eventos, eu aprendi que há batalhas que vale a pena se meter, principalmente quando sabemos as providências que temos que tomar.
Mas aprendi que é inútil acreditar que podemos mudar as pessoas, simplesmente porque discordamos delas ou de seus comportamentos. São batalhas que entramos para perder.
Aprendi também que o melhor uso que faço do meu tempo é procurar mudar a mim mesmo. Buscar o meu aprimoramento.
Beco