Eu encaro o encontro com as árvores assim como o encontro com as pessoas.
Fico maravilhado quando me encontro com árvores tão formosas quanto este Imbondeiro que visitei ontem em Luanda-Angola. No Brasil, a chamamos de Baobá.
Só de me aproximar dela, sinto a história passar na minha mente.
Acredito que esta tenha bem uns 300 anos. Ainda uma adolescente, visto que elas podem durar alguns milhares de anos.
No caminho de retorno à Luanda, pude experimentar a Múcua, a fruta do Imbondeiro, cuja polpa é comestível e tem um sabor muito característico que me lembrou chocolates italianos.
Durante o almoço tomamos o suco de Múcua, forte, espesso e saboroso, enfim, foi um passeio dedicado ao Imbondeiro, um presente que me foi agraciado pelos meus cicerones Victor e Daniela.
O Imbondeiro é o símbolo nacional de Angola, uma árvore sagrada e sobre ela giram inúmeras lendas.
Há alguns anos, assisti na televisão brasileira um programa com Regina Casé dedicado ao Imbondeiro, e ela conta uma lenda interessante, que esta árvore invejava muito as características das outras árvores, as folhas, os frutos, e por isso mesmo, foi castigada pelos Deuses, que a arrancaram e a replantaram de cabeça para baixo, e por isso o seu formato de copa que mais se parece com raízes, retorcidas e com poucas folhas.
Mas a natureza é o que é, e o Imbondeiro é um gigante vegetal que pela longevidade, tem testemunhado como nenhum outro ser vivo, o homem e a sua luta.
E esta árvore da foto, que cumprimentei com o meu costumeiro tapinha nas costas e um abraço, me respondeu com um som firme e denso, resultado de bons séculos vividos.
Beco